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Euribor 3 meses
Euribor 12 meses
Euribor 6 meses
“Desde que o banco central iniciou o seu ciclo de flexibilização, aEuribor a 12 meses tem vindo a descer de forma constante: até, então, o indicador estava acima dos 3,7% e agora está abaixo dos 3,6%. Em julho, a média provisória do mês situa-se nos 3,589%, pelo que, a continuar assim, o indicador prepara-se para registar o quarto mês consecutivo de descidas”, analisa David Brito, diretor-geral da Ebury Portugal, em declarações ao idealista/news.
Como seria de esperar, as recentes descidas da Euribor têm vindo a reduzir as prestações dos novos créditos habitação em Portugal (a taxa variável), embora de forma ligeira – tal como mostramos neste artigo que tem por base simulações do idealista/créditohabitação. Também quem já está a pagar um empréstimo da casa viu baixar as prestações revistas em junho (ainda que pouco).
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Procura de crédito habitação está a aumentar na Europa – e em Portugal?
A trajetória descendente da Euribor também já começa a ter efeitos no mercado hipotecário em Portugal e na Europa. Isto porque já se sente um aumento da procura por novos créditos habitação na área euro e as expectativas estão mais otimistas em Portugal sobre esta matéria. Além disso, o montante nos novos créditos habitação tem vindo a aumentar no nosso país.
Segundo o mais recente inquérito sobre empréstimos bancários publicado pelo BCE, a procura de crédito habitação aumentou na zona euro no segundo trimestre pela primeira vez desde 2022, enquanto os bancos flexibilizaram as condições de acesso a esse tipo de financiamento.
Já em Portugal a procura de empréstimos habitação por parte de particulares manteve-se “praticamente sem alterações” no segundo trimestre de 2024 face ao trimestre anterior, segundo concluiu o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito do Banco de Portugal (BdP). Ainda assim, importa salientar que o montante dos novos contratos de crédito habitação tem estado a subir deste fevereiro deste ano, tendo alcançado dos 1.375 milhões de euros em maio (+1,8% face ao mês anterior). Por outro lado, as renegociações e as amortizações antecipadas têm vindo a cair.
Além disso, o supervisor liderado por Mário Centeno espera que no verão deste ano haja “um ligeiro aumento da procura de empréstimos” por parte dos particulares, que será “mais acentuado no segmento da habitação”. Por detrás desta expectativa também poderão estar os novos apoios do Governo destinados aos jovens até aos 35 anos que querem comprar casa, nomeadamente a isenção do IMT e Imposto do Selo, e a garantia pública no crédito habitação. Enquanto a primeira medida deverá estar em vigor em agosto, a segunda já entrou em vigor a 11 de julho e espera regulamentação.
Esta recuperação do mercado hipotecário no nosso país deve-se às recentes descidas da Euribor. Mas não só. Há outros fatores que estão a contribuir para estimular a procura de crédito da casa pelas famílias que vivem em Portugal, como:
- Spreads mais atrativos: o spread médio dos novos contratos decrédito habitação com taxa variável prosseguiu a tendência de descida dos últimos anos, passando de 1,09% em 2022 para 0,93% em 2023, revelou o regulador português. Muitos bancos já estão a oferecer spreads a 0,7%;
- Taxas mistas mais baixas: os bancos também estão a oferecer melhores condições a créditos da casa a taxa mista, sobretudo com períodos iniciais de fixação dos juros bem curtos (2 ou 5 anos, por exemplo). Estas campanhas têm atraído muitas famílias, de tal forma que, em maio, 76% dos novos empréstimos à habitação (própria e permanente) foram contratados a taxa mista, de acordo com os dados do BdP;
- Maior poupança das famílias: com a subida dos salários e a redução da inflação, as famílias passaram a ter maior poder de compra e mais poupanças. E com o aumento das poupanças no último ano terminado em março, as famílias aumentaram a sua capacidade de financiamento, explicou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Como vai evoluir a Euribor nos próximos meses?
Com a manutenção dos juros do BCE na reunião de julho, os especialistas de mercado admitem que a Euribor poderá continuar a oscilar durante o verão, mas mantendo uma trajetória de descida lenta. Isto porque as taxas Euribor já têm vindo a descontar o corte dos juros do BCE nos últimos meses.
Claro está que a trajetória da Euribor até ao final de 2024 vai continuar a depender das decisões futuras do BCE. Agora, os mercados financeiros admitem que o próximo corte dos juros diretores será em setembro (de 25 pontos base), seguido de outro em dezembro de igual magnitude, tal como explicamos neste artigo. Caso este cenário se confirme, a taxa de refinanciamento do BCE ficaria nos 3,75% no final do ano, estimulando novas descidas da Euribor de forma lenta e gradual.
“Neste momento, existe uma grande incerteza quanto ao ritmo das futuras descidas das taxas, pelo que a evolução da Euribor é também algo incerta, pois dependerá da magnitude e do calendário das próximas descidas na zona euro. É bastante provável que a queda do indicador seja mais lenta e gradual do que o previsto anteriormente”, admite David Brito, da Ebury Portugal.
Estas são as previsões de alguns analistas de mercado para a evolução da Euribor até ao final de 2024:
- a Ebury Portugal admite que a Euribor se situe em torno dos 3% – 3,5% no fim do ano;
- o Bankinter vê a Euribor em torno de 3,5% no final do ano (piorou as previsões que colocavam antes a taxa nos 3,25%);
- o BBVA Research admite que a Euribor ficará em 3,3%;
- a espanhola Funcas coloca o indicador nos 3,2% em 2024.
Novos alívios das prestações da casa à espreita
Ao que tudo indica, a descida da Euribor deverá ser lenta e moderada nos próximos meses, caindo em linha com as decisões futuras do BCE. E a taxa de referência poderá fixar-se, portanto, entre 3% e 3,5% até ao final deste ano, o que se refletirá num ligeiro alívio das prestações da casa, tal como mostram as simulações do idealista/créditohabitação, tendo em conta novos empréstimos da casa de 150.000 euros (com spread de 0,7% e prazo de 30 anos):
- se a Euribor a 6 meses cair dos atuais 3,715% (média mensal de junho) para 3,5%, significa que as prestações mensais vão descer dos atuais 752 euros para 733 euros (menos 19 euros);
- se a Euribor a 6 meses descer para 3,25% este ano, as prestações da casa passam para 711 euros (menos 41 euros);
- se no final do ano a Euribor a 6 meses estiver em 3%, as prestações da casa serão de 690 euros. Isto quer dizer que se uma família contratar um crédito habitação a taxa variável no final deste ano pagará menos 62 euros de prestação durante o semestre seguinte do que quem se antecipou e contratou o empréstimo da casa em julho.