A nova subida das taxas de juro diretoras de 25 pontos base anunciada pelo Banco Central Europeu (BCE) esta quinta-feira (dia 15 de junho) deu um novo impulso às taxas diárias da Euribor, que alcançaram novos máximos desde dezembro de 2008. A Euribor a 12 meses ultrapassou mesmo a barreira dos 4% pela primeira vez em cerca de 15 anos.

Logo depois de o regulador europeu ter confirmado um novo aumento das taxas de juro diretoras – o oitavo consecutivo –, as taxas Euribor voltaram a subir em flecha, tendo mesmo registado novos máximos desde 2008 para todos os prazos.

O que salta mais à vista é o caso da Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos habitação de taxa variável, representando 41% do stock de empréstimos para a compra de habitação própria e permanente em março de 2023, segundo apontam os dados do Banco de Portugal (BdP). Esta sexta-feira, dia 16 de junho, a taxa diária da Euribor a 12 meses subiu para 4,020%, mais 0,055 pontos do que na quinta-feira e um novo máximo desde dezembro de 2008.

Euribor a 6 meses – a segunda mais utilizada em Portugal nos créditos habitação de taxa variável (representa 33,7% do stock total) – também atingiu o novo máximo desde dezembro de 2008, avançando para 3,822% esta sexta-feira (mais 0,004 pontos que no dia anterior).

No mesmo sentido evoluiu a Euribor a 3 meses, que representou 22,9% do montante total de crédito habitação em março deste ano. Esta taxa voltou a subir esta sexta-feira, tendo-se fixado em 3,572%, mais 0,025 pontos que no dia anterior, representando também um novo máximo desde o final de 2008.

Com esta mais recente subida da Euribor diária, a taxa a 12 meses encontra-se assim ao mesmo nível do preço do dinheiro estabelecido pelo BCE, uma vez que a taxa de refinanciamento foi aumentada para 4% esta quinta-feira, uma decisão que só terá efeitos práticos a partir de 21 de junho. E a Euribor a 3 e a 6 meses também passaram a estar mais perto deste patamar.

Novas subidas diárias terão efeitos sobre a Euribor mensal aplicada aos créditos habitação

Estas novas subidas das taxas diárias da Euribor deixam o mercado hipotecários e as famílias em alerta, uma vez que esta evolução ascendente acabará por ser refletida nas taxas mensais de junho que serão aplicadas aos créditos habitação contratados no mês seguinte (julho de 2023).

Com esta nova subida diária da Euribor a 12 meses, por exemplo, a média mensal de junho prevista já está nos 3,928%, mais 0,066 pontos percentuais do que a registada em maio (3,862%). Tudo indica, portanto, que a taxa mensal da Euribor a 12 meses vai voltar a subir em junho, o que terá efeito tanto nos novos créditos habitação de taxa variável, como nos existentes (estes últimos vão ver os efeitos deste aumento assim que a sua prestação da casa for atualizada). E o mesmo se antecipa para a Euribor a 3 meses e a 6 meses, que registaram taxas mensais em maio de 3,682% e de 3,372%, respetivamente.

Aliás, os especialistas antecipam que as taxas Euribor deverão subir ainda mais nos próximos meses, refletindo as novas medidas restritivas em matéria de política monetária que o BCE terá de tomar para domar a inflação. Acreditam até que a Euribor a 12 meses atinja uma taxa mensal de 4% já em junho.

Esta perspetiva baseia-se na íntima relação entre as taxas diretoras do BCE e a Euribor. Como a própria Christine Lagarde, presidente do regulador europeu, admite que é “muito provável” haver um novo aumento dos juros diretores em julho para travar a inflação que continua “demasiado elevada”, a Euribor também deverá continuar a evoluir em sentido ascendente, mas a menor velocidade, permanecendo em níveis relativamente estáveis no patamar dos 4% nos próximos meses, dizem os especialistas.

Mas, na verdade, ninguém sabe até onde pode subir a Euribor. Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal, afirma que “especular sobre o futuro da Euribor e seu teto máximo é arriscado, porque tudo dependerá da evolução da inflação e do possível impacto dos aumentos de taxas no crescimento económico e no emprego”. No entanto, confessa que “não podemos esquecer que historicamente a inflação é difícil de conter e que temos visto taxas superiores às atuais”.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *