Relativamente ao aumento das taxas de juro anunciado há poucos minutos pelo Banco Central Europeu (BCE), Miguel Cabrita, responsável do idealista/créditohabitação em Portugal, explica que “este aumento foi inicialmente descontado pelo mercado durante semanas e tem sido responsável pelas fortes subidas da Euribor que se têm registado nos últimos dias. No entanto, esse movimento mostra a ineficácia das medidas tomadas até agora, incluindo o importante aumento aprovado em setembro, com o objetivo de conter a inflação”.

“Com taxas 75 pontos mais altas, as taxas efetivas (os juros que são pagos independentemente se o crédito habitação é fixo ou variável) vão passar a 4%, o que vai deixar fora do mercado muitas famílias que em janeiro deste ano (antes a invasão da Ucrânia) tinham acesso a um empréstimo para a compra de casa. Essa redução da procura pode afetar os preços das casas para comprar, traduzindo-se em quedas de preços em alguns mercados, dependendo do nível de flexibilidade da procura em cada mercado”, afirma Miguel Cabrita.

O responsável do idealista/créditohabitação refere ainda que “é inegável que, até mesmo as famílias que cumpram com os requisitos de risco atuais para o pedido de um crédito habitação, vejam a sua capacidade de poupança e consumo a ser reduzida, pelo que é possível que, por prudência, decidam optar por uma habitação mais barata do que aquela a que inicialmente aspiravam”.

“Para as famílias com créditos habitação de taxa variável, o aumento da prestação a pagar já é uma realidade. Nos próximos dias será confirmado se o desconto que o mercado já aplicava estava ajustado aos 75 pontos e se a Euribor se mantém estável entre os 2,75% e os 3%. Ou se, pelo contrário, ainda tem uma trajetória ascendente até aos 3,5%. De qualquer forma, o aumento da prestação do crédito habitação depende do momento em que o crédito foi contratado, além do valor da Euribor”, salienta Miguel Cabrita.

“Com a aplicação do sistema de amortização francês, pelo qual são pagos mais juros no início do empréstimo, os créditos habitação mais recentes vão sofrer aumentos mais acentuados (entre 230 e 250 euros a mais por mês no caso de um crédito ‘típico’ de 150.000 euros a 25 anos e Euribor a 12 meses e um spread de 1,5%). Já esse mesmo crédito habitação contratado em 2011, aumentaria 147 euros, e no caso de ter sido contratado em 2005, aumentaria apenas 90 euros por mês”, explica ainda o especialista.

Outubro de 2022 | Subida dos juros pelo BCE. Diferença das prestações da casa em função do ano do contrato da hipoteca e da subida da taxa Euribor

Crédito habitação de 150.000 euros a 25 anos, com Euribor a 12 meses e spread de 1,5%

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