Lisboa e Porto a ganhar mais casas novas – licenças estão a crescer

A construção em Portugal navegou os mesmos mares agitados, inflacionados e com altos custos de financiamento que as outras economias europeias. Mas, ao contrário de muitas, o setor da construção português manteve o seu rumo de crescimento, muito graças à habitação. Foi precisamente no Porto e em Lisboa que se registou maior atividade no mercado de construção de casas novas, tal como conclui o relatório anual residencial do idealista/data relativo a 2023. E também foi a região Norte e a Grande Lisboa que reuniram o maior número decasas novas licenciadas, uma realidade que pode ganhar novo fôlego este ano com o simplex dos licenciamentos urbanísticos.

2023 foi marcado por um contexto económico incerto, com elevada inflação e altos juros no financiamento bancário, que acabou por arrefecer a procura de casas para comprar, encolher o investimento imobiliário comercial e até por reduzir a atividade da construção na Europa, que está agora recuperar. Mas a construção em Portugal manteve-se resiliente, destacando-se a sua trajetória de crescimento, embora a menor ritmo. E, por isso mesmo, o relatório anual residencial do idealista/data relativo a 2023 conclui que “a contribuição da construção e obras públicas para a economia portuguesa foi menos afetada pelas condições macroeconómicas” face a outros países europeus.

Neste cenário, “a habitação continuou a ser a força motriz da construção em Portugal, representando mais de 75% dos mais de 22.500 edifícios licenciados em 2023”, refere ainda o mesmo relatório do idealista/data que vai ser apresentado num webinar no próximo dia 6 de março. Mas, apesar de resiliente, observou-se uma descida de 9% no número de edifícios habitacionais licenciados em 2023 face ao ano anterior.

 

Já o número de casas novas licenciadas em Portugal aumentou 5% em 2023 face ao ano anterior, tendo sido registados mais de 31.000 novos fogos com licença. E salta ainda à vista que mais de 50% das habitações que vão entrar no mercado nos próximos anos vão ter três quartos ou mais. A nível geográfico, a região Norte está em destaque, acumulando 48% do total de casas novas com licença no país, seguida pela Grande Lisboa (40% do total), aponta o documento apoiando-se nos dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE).

A verdade é que estas licenças de construção na habitação foram atribuídas num ano em que os licenciamentos urbanos em Portugal continuaram a decorrer segundo com a antiga legislação, que tornava os processos mais morosos e burocráticos. Esta é uma realidade que osimplex dos licenciamentos urbanísticos pretende começar a resolver já em 2024. Se este novo diploma produzir os efeitos desejados, o número de edifícios habitacionais e casas licenciadas deverá crescer (mais) este ano, se os fatores político-económicos continuarem favoráveis.

Casas novas para comprar
Foto de Gerzon Piñata no Pexels

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Casas em Lisboa e no Porto: onde há mais construção nova

O parque habitacional português é antigo, com as casas construídas nos anos 80 ou antes a pesarem cerca de 60% do total da habitação existente em Portugal. Mas tem-se assistido a um processo de renovação da habitação em várias regiões, como é o caso do Norte e da Grande Lisboa, onde há mais casas novas licenciadas. “Os distritos do Porto, Lisboa, e Braga estão atualmente a ver o seu parque habitacional a ser renovado”, uma vez que “mais de 38% dos alojamentos familiares construídos na última década (2011-2021) estão localizados nestes distritos”, indica o estudo tendo por base dados do INE.

Esta renovação do parque habitacional também se reflete no número de casas novas disponíveis para comprar ou arrendar. O mercado de construção nova, “impulsionado pela atividade no Porto e em Lisboa”, registou um crescimento no número de casas disponíveis no idealista que ultrapassou as 21.000 unidades no último trimestre de 2023, destaca o relatório do idealista/data.

Olhando para os apartamentos novos anunciados no portal imobiliário, salta à vista que Lisboa é a cidade que concentra maior oferta (13,5%), seguida do Porto (10,3%). Também se encontra uma oferta expressiva de casas novas no Funchal, Faro, Aveiro Braga e Setúbal.

Por outro lado, em Portalegre, Guarda, Vila Real e Castelo Branco foram colocadas no mercado menos de 10 casas novas na reta final do ano passado, revela ainda o relatório anual residencial do idealista/data.

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