Concessão de crédito habitação é afetada pela crise?

Vice-presidente do Banco de Portugal destaca a “robustez” do sistema bancário português, que transmite “tranquilidade”.

 

mercado financeiro vive hoje um novo período turbulento originado pela falência de dois bancos nos EUA e a crise de liquidez no Credit Suisse, na Europa. Mas o sistema bancário português está de boa saúde em termos de solvabilidade e liquidez perante a atual crise financeira, segundo garantem as autoridades e as entidades financeiras. Por isso mesmo, Clara Raposo, vice-presidente do Banco de Portugal (BdP), garante que não há sinais de que os bancos estejam a restringir a concessão de créditos devido à atual instabilidade financeira.

Desde logo, Clara Raposo afasta medos e receios quanto aos efeitos da atual crise financeira na banca portuguesa. “Não estou com medo. Estou bastante tranquila com o dia de hoje e pela forma como estamos a lidar com estas dificuldades sentidas em alguns bancos regionais nos EUA e no Credit Suisse“, que foi recentemente comprado pela UBS por mais de 3 mil milhões de euros, disse a número dois do BdP na conferência “Empresas: de médias a grandes, de grandes a globais”, organizada pela Associação Business Roundtable Portugal (BRP).

Além disso, a vice-presidente do BdP garante que não há sinais de que os bancos estejam a restringir a concessão de crédito (habitação) devido à atual instabilidade dos mercados. “Neste momento, não há indicação no sentido de algum recuo. Esta crise que surgiu agora não é motivo, neste momento, para estar a criar preocupações sobre a concessão de crédito em Portugal ou na área euro”, afirmou a responsável citada pela impresa.

Também Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal, afirma que “até ao momento não sentimos restrição na concessão de crédito. Mas, como é normal, os bancos analisam cautelosamente a viabilidade financeira de cada proponente”, acrescenta ainda.

Sistema financeiro português é “robusto”

Para reforçar a sua posição, Clara Raposo invoca os dados que revelam que a banca portuguesa está de boa saúde. “Todos os indicadores que temos do sistema bancário nacional neste momento são bons indicadores em termos de solvabilidade, liquidez”, refere, detalhando ainda que “todos os indicadores de fecho de 2022 estão melhores do que em 2019, período antes da pandemia”.

Por isso mesmo, a vice-governadora do Banco de Portugal conclui que “há uma robustez de base que permite estarmos razoavelmente tranquilos”, disse ainda na conferência que decorreu na esta segunda-feira, dia 20 de março, na Nova SBE, em Carcavelos.

Esta é uma visão partilhada também pelo presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa, que assegurou recentemente que não há impactos diretos em Portugal da crise do Credit Suisse e das falências dos bancos nos EUA. “Acho que aquilo que é importante assinalar é que nós acompanhamos essas matérias e, neste momento, naquilo que tem que ver com esses efeitos diretos da exposição direta, não vemos neste momento motivo para qualquer preocupação”, vincou Luís Laginha de Sousa, advertindo, contudo, para a necessidade de manter a vigilância, porque a confiança tem de ser preservada.

*Notícia atualizada dia 22 de março, às 8h53, com declarações do responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal

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