Casas inteligentes multiplicam-se em Portugal pela mão de promotores

Smartphones, televisões, computadores e tablets. Hoje, as novas tecnologias fazem parte do nosso dia a dia e há cada vez mais interesse em controlar os equipamentos lá de casa através de aplicações. É aqui que entram as casas inteligentes, já que ao conectar os estores, luzes, aquecimento ou o alarme, as famílias conseguem otimizar as tarefas do dia a dia e melhorar o conforto, a eficiência energética e a segurança das suas casas. A procura por casas inteligentes em Portugal tem crescido de tal forma, que os próprios promotores imobiliários estão cada vez mais interessados em automatizar as habitações que constroem. Até porque, hoje, conseguem acrescentar valor às casas com pouco investimento, revelam os especialistas do mercado da domótica ao idealista/news.

Em plena era digital, as famílias sentem cada vez mais a necessidade de conectar as suas casas, de automatizar as tarefas do dia a dia, como abrir e fechar janelas, estores e persianas, assim como acender e apagar as luzes. Ao tornar as suas casas inteligentes, as famílias conseguem ter mais conforto, criando ambientes adequados a cada fase do dia; melhorar a eficiência energética, ao assegurar que as luzes, aquecedores e pisos radiantes estão ligados só quando necessário; e ainda ter maior segurança em casa, com o controlo de sistemas de vídeovigilância e alarmes através de uma aplicação instalada nos seus smartphones.

É precisamente da vontade de melhorar o conforto, segurança e eficiência energética das casas que a procura das famílias por soluções de domótica está a crescer em Portugal, afirmam os especialistas ouvidos pelo idealista/news no primeiro dia do Imobinvest – Salão do Imobiliário que decorreu em paralelo com o Smart Home Show – Salão da Domótica, entre 22 e 24 de março, na Alfândega do Porto (e que contou com o idealista como portal oficial).

Promotores a construir casas inteligentes
Foto de Antoni Shkraba no Pexels

A procura por casas inteligentes em Portugal cresce numa altura em que as próprias soluções de automação das habitações já estão acessíveis aos bolsos de qualquer família e podem ser incorporadas em casa conforme as necessidades (ou seja, de forma faseada). “Hoje, já são as famílias de todas as classes [económicas] que procuram casas inteligentes. Antigamente, era a classe mais alta, porque os sistemas de domótica eram muito caros, mas hoje são muito mais acessíveis às famílias de rendimentos medianos”, começa por explicar Pedro Baptista, integrador de automação na WOW – Automação. E “mesmo que uma família que não queira investi muito em domótica numa fase inicial, pode comprar a versão base e mais tarde pedir upgrades do sistema à medida da sua disponibilidade financeira e necessidade, tendo assim mais funcionalidades em casa”, acrescenta.

Além disso, hoje já não é necessário fazer grandes obras para as conseguir automatizar a casa. “As pessoas também têm uma sensibilidade maior de que para ter uma casa conectada já não é preciso partir as paredes todas. Já não é preciso ter de fazer uma infraestrutura. Basta ir conectando a casa à medida das necessidades”, afirma Nuno Carvalho, gestor de negócio de soluções digitais na Legrand.

“A procura por casas inteligentes, que possam ser sustentáveis e que ajudem numa gestão mais eficiente, é a tendência e vai ser o futuro. E, portanto, nós gostaríamos de acelerar, no fundo, esse novo mercado, de forma a que os consumidores possam beneficiar dessa gestão mais eficiente das casas”, comenta Cláudia Patrícia Dos Santos, responsável pela NOS – Smart Home, que, para já, está focada em fazer parceriascom promotores imobiliários para construir casas inteligentes em Portugal, muito embora não descarte a possibilidade de um dia vir também a oferecer estas soluções diretamente às famílias.

Domótica em casa
Freepik

Casas inteligentes atraem cada vez mais promotores imobiliários em Portugal

As famílias estão, portanto, cada vez mais exigentes e interessadas em tornar as suas casas mais inteligentes. E os promotores imobiliários, arquitetos e construtores têm estado atentos a estas novas necessidades dos compradores, motivo pelo qual têm apostado cada vez mais na integração de soluções de domótica nos seusempreendimentos residenciais em Portugal.

É isso que diz Nuno Carvalho, da Legrand, empresa que já está há mais de 30 anos no mercado: “No ano passado, tivemos um bom a nível de adesão” por parte de investidores e construtores, disponibilizando as tecnologias de domótica a mais de 2.000 casas. “Hoje, temos vários promotores que só trabalham com casas conectadas, já não existe a outra opção. Por isso, o que nós prevemos é que cada vez mais os promotores e os investidores só contem com casas conectadas”, admite.

“Uma casa sem domótica é quase como se estivesse fora do mercado”, Nuno Carvalho, gestor de negócio de soluções digitais na Legrand

Também Pedro Baptista sente que “há muita procura por promotores imobiliários, construtoras e gabinetes de arquitetura, que chegam até nós muitas vezes porque o cliente quer a automação na sua casa”. Além disso, “atualmente há muito mais abertura do que no passado por parte dos promotores imobiliários, pelo facto destas soluções serem muito mais eficientes e económicas”, explica o especialista da WOW- Automação, uma empresa brasileira criada há 12 anos e que aterrou em Portugal há cerca de um ano, onde já automatizaram várias construções e moradias e também estão a criar parcerias com promotores.

Este crescente interesse dos promotores em construir casas inteligentes em Portugal tem, assim, estimulado a entrada de novas empresas neste mercado. Foi o caso da NOS – Smart Home, que foi criada em novembro de 2023, e que já está a arregaçar as mangas. “Já temos falado com promotores imobiliários para perceber o que é que eles querem para os seus projetos imobiliários. O que mais procuram diria que é, cada vez mais, a eficiência energética – que passa por controlar luzes, os estores ou a climatização, por exemplo – porque acaba por ser algo que traz vantagens e acrescenta valor”, explica a responsável Cláudia Patrícia dos Santos, que diz estar “otimista” quanto à evolução desta nova vertente de negócio em 2024.

Casas inteligentes para comprar
Demo house da NOS Smart HomeCréditos: CRUAMEDIA | NOS

Domótica acrescenta valor às casas: qual o investimento para os promotores?

Além de sentirem uma maior procura das famílias por casas inteligentes, os promotores imobiliários também perceberam que conseguem fazer pequenos investimentos em domótica nos seus empreendimentos residenciais e, assim, valorizar – e muito – as habitações colocadas no mercado. “O que motiva os investidores é que conseguem ter um investimento relativamente baixo para um elevado retorno, além de marcarem as casas pela sua diferenciação”, refere ainda Nuno Carvalho. Por exemplo, com um investimento de 500 euros em domótica, a casa pode ser valorizada em 10.000 euros.

O mesmo diz a responsável pela NOS – Smart Home: “Os promotores também acreditam que as soluções inteligentes vão valorizar aos seusempreendimentos, que muitas vezes já são premium. Portanto, será mais um fator de inovação, de ir ao encontro dos temas desustentabilidade, que todos os promotores procuram mais na parte da construção. Com estas funcionalidades, trazemos a eficiência para a parte da utilização da casa”, acrescenta.

A verdade é que também há interesse por parte de promotores mais voltados para a classe média, até porque “as soluções são modulares, podendo ir até aos 3.000 euros com todas as funcionalidades”, sendo que “as soluções mais simples podem começar no patamar dos 1.000-1.500 euros, com a possibilidade de acrescentar módulos consoante as necessidades das famílias”, explica Cláudia Patrícia dos Santos. A ideia “é mesmo ajudar a democratizar a entrada nas casas inteligentes”, conclui.

Isto quer dizer que os promotores imobiliários podem optar por definir o grau de automação da casa em função do projeto residencial, do posicionamento e do público a quem se destinam as casas. Podem querer automatizar todas as divisões das casas, como podem também optar só por conectar as divisões centrais, como a sala e a cozinha. Mas como é que as famílias fazem se quiserem mais funcionalidades depois de comprar a casa?

O gestor de negócio de soluções digitais na Legrand afirma que é importante que os promotores imobiliários tenham logo um “plano A e B caso a família pretenda incorporar na casa mais soluções conectadas”, até porque “os compradores estão hoje mais exigentes, tanto portugueses, como estrangeiros”. Sobre este ponto, a responsável pela NOS – Smart Home afirma que “os promotores imobiliários podem deixar as outras divisões da casa preparadas de raiz para alargar a automação, sendo que depois são os proprietários das casas que falam connosco”.

O facto da integração e gestão das soluções inteligentes não estar a cargo dos promotores ou construtores após a venda das casas, acaba por trazer maior segurança ao negócio. “Assim, os promotores não têm de estar preocupados com esse apoio ao cliente depois de vender a casa”, sublinha Cláudia Patrícia dos Santos.

Construir casas inteligentes em Portugal
Foto de Timothy Huliselan no Pexels

O que falta para o mercado de casas inteligentes crescer ainda mais em Portugal?

Viver em casas inteligentes faz parte do presente. Mas muitas famílias e investidores ainda consideram que esta é uma realidade apenas do amanhã, até porque ainda há no mercado soluções de domóticacomplexas e difíceis de gerir. Estes são alguns desafios que o mercado das smart houses ainda enfrenta em Portugal, a par da falta de mão de obra especializada, segundo indicam os especialistas ouvidos pelo idealista/news no evento.

Questionado sobre o que ainda falta fazer para que o mercado de casas inteligentes cresça ainda mais, Nuno Carvalho afirma que é preciso “fazer chegar às pessoas, aos investidores e ao cliente final que isto já é normal. Já não é o futuro, é o presente. E esta tecnologia está ao alcance de toda a gente tanto ao nível de preço, como ao nível de instalação”, já que podem começar por conectar uma divisão da casa com um investimento de apenas 300 euros e “ir fazendo um upgrade tecnológico à casa à medida das necessidades, sem ser necessário partir paredes e fazer grandes investimentos”, conclui o gestor de negócio de soluções digitais na Legrand.

“A nossa abordagem também é democratizar, tornar o acesso a esta tecnologia de casa inteligente muito mais fácil e competitiva”, Cláudia Patrícia dos Santos, responsável pela NOS Smart Home

O passado da domótica também continua a assombrar os negócios do presente, já que quando chegou ao mercado apresentou soluções caras, complexas e que exigiam grandes obras nas casas. E, embora haja cada vez mais empresas a quererem reposicionar-se criando casas inteligentes fáceis de gerir e a preços acessíveis, Cláudia Patrícia dos Santos admite que ainda há, hoje, “soluções de domótica complicadas e difíceis de gerir. Há soluções no mercado que não permitem aos consumidores fazerem uma configuração da casa de forma imediata, sendo necessário chamar um técnico responsável pela certificação daquela tecnologia para fazer essas alterações. Portanto, são soluções mais rígidas e, desse ponto de vista, acaba por depois não ser tão flexível àquilo que é a mudança da vida das pessoas, nomeadamente a adaptação às rotinas. Quanto mais fácil isto for, mais fácil é depois da adoção da tecnologia por qualquer pessoa, desde o mais jovem à pessoa mais velha”, conclui.

A par de tudo isto, a responsável pela NOS – Smart Home aponta ainda o facto de haver também soluções para casas inteligentes ainda apreços elevados. Por isso mesmo, “a nossa abordagem também é democratizar, tornar o acesso a esta tecnologia de casa inteligentemuito mais fácil e competitiva”, afirma.

Uma das questões que também continua a travar o crescimento das casas inteligentes em Portugal é a falta de mão de obra especializada na instalação destas soluções – especialmente para as empresas que entraram recentemente no mercado. “A domótica exige determinadas competências que não existem muito no mercado. É preciso termos mais integradores, com mais formação nesta área para termos mais instalação”, afirma Pedro Baptista, da WOW – Automação, que está em Portugal há um ano. Já Nuno Carvalho diz não ter um problema de falta de mão de obra qualificada nesta área, até porque a Legrand foi constituindo equipa ao longo dos últimos 30 anos que trabalha no mercado de domótica em Portugal.

Casas inteligentes para comprar

Junte-se à discussão

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Compare listings

Comparar