Das rendas aos jovens: as 30 medidas do novo Governo para a habitação

Pouco mais de um mês depois de tomar posse, o novo Governo apresentou a sua estratégia de habitação para o país. Vai pôr no terreno 30 medidas para enfrentar a crise e compromete-se com prazos de execução que vão de dez dias a três meses. Com o plano “Construir Portugal”, o Executivo de Luís Montenegro pretende incentivar a oferta de habitação; promover a habitação pública; devolver a confiança a todos os intervenientes; fomentar a habitação jovem e assegurar a acessibilidade na habitação. Explicamos, ponto a ponto, o programa de “choque” de Montenegro para dar uma resposta “imediata e urgente” à crise habitacional que o país enfrenta.

O novo Governo quer avançar com medidas como o desbloqueio de 25.000 casas que integram o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR); a mudança da Lei dos Solos, que permitirá o uso de solos rústicos para soluções sustentáveis de habitação, como o arrendamento acessível, habitação a custos controlados, ou a disponibilização de casas de função para professores, forças de segurança, trabalhadores agrícolas, industriais e setor do turismo.

Destaca-se ainda o plano de habitação dirigido aos mais jovens. Nesse sentido, a nova estratégia para a habitação prevê, por exemplo, a isenção de IMT e Imposto do Selo para os jovens até aos 35 anos nos imóveis até 316 mil euros (valor correspondente ao quarto escalão do IMT), ou ainda uma garantia pública para viabilizar o financiamento bancário na aquisição da primeira casa.

Na apresentação do programa, o primeiro-ministro garantiu que a nova estratégia para a habitação pretende “restabelecer a confiança” dos portugueses, contrariamente ao programa do anterior Governo socialista, que “ainda estava em gestação e já tinha sido condenado ao insucesso”. Apesar de reconhecer que existem medidas bem elaboradas no polémico Mais Habitação e que são para dar continuidade, Montenegro avançar com a revogação do arrendamento forçado, assim como da Contribuição Extraordinária sobre o Alojamento Local.

Para o líder do Governo da AD, a transformação na área da habitação exige um compromisso de todos. Garantiu que irá dialogar com todos os grupos parlamentares, destacando paralelamente o papel dos municípios, associações e cooperativas para a concretização desta nova estratégia.

habitação em Portugal
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As 30 medidas para resolver a crise na habitação

No programa “Construir Portugal”, o novo Governo diz que “pouco ou nada foi feito nos últimos 20 anos” para resolver a crise de oferta habitacional que “alimentou uma preocupante divisão na nossa sociedade”, virando inquilinos contra senhorios, turismo contra cidades, ou bancos contra promotores.

O Executivo da AD reconhece que este é um “desafio geracional” que não se resolve apenas no curto prazo, mas que “exige uma resposta imediata”. Para isso, preparou uma nova estratégia para habitação que inclui 30 medidas, distribuídas por seis áreas de atuação. Explicamos quais são.

Incentivar a oferta

  • Disponibilização de imóveis públicos para habitação (build to rent) com renda/preço acessível, em regime de Parceria Público-Privada (90 dias);
  • Regime legal semiautomático de aproveitamento de imóveis públicos devolutos ou subutilizados por apresentação casuística de projeto de habitação, a executar pelos municípios e, se necessário, com parceiros privados (10 dias);
  • Alteração da lei dos solos para permitir o uso de solos rústicos para soluções sustentáveis de habitação (a custos controlados, para arrendamento acessível, para alojamento temporário ou oferta para casas de função para professores, forças de segurança, trabalhadores agrícolas, industriais e setor do turismo (60 dias);
  • Criação de bónus construtivo para aumento dos índices e limites de densidade urbanística em projetos de habitação a custos controlados, arrendamento acessível ou alojamento temporário (90 dias);
  • Novas centralidades urbanas na envolvente das zonas de pressão urbanística, com planos urbanísticos sustentáveis e em coordenação com a oferta de transportes (estudo em 120 dias);
  • Garantia do Estado a crédito para construção de cooperativas com entrega de terreno público (90 dias);
  • Linhas de crédito para promoção do build to rent (60 dias);
  • Pacto com agentes do setor para aumento da capacidade construtiva, envolvendo estabilidade da capacidade produtiva, industrialização do processo, e atração e qualificação de mão-de-obra residente;
  • Redução de IVA para a taxa mínima de 6% para as obras de reabilitação e construção de habitação, com limites em função dos preços (até ao fim da legislatura);
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Promover a habitação pública

  • Desbloqueio de 25.000 casas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com adoção de termo de responsabilidade das câmaras municipais, de modo a acelerar os processos (10 dias);
  • Reforço de financiamento para viabilizar o desenvolvimento de milhares de outros fogos candidatos, mas não financiados no PRR (30 dias);
  • Robustecer a capacidade de promoção do IHRU, através da Construção Pública EPE (antiga Parque Escolar), na realização dos fogos do Programa de Arrendamento Acessível (10 dias);

Devolver a confiança no arrendamento

  • Revogação do arrendamento forçado, em respeito pelo direito de propriedade (10 dias);
  • Revogação da medida do Mais Habitação de garantia e substituição do Estado como arrendatário (30 dias);
  • Correção das distorções introduzidas ao Regime de Arrendamento Urbano nos últimos oito anos para devolver flexibilidade e confiança ao mercado de arrendamento (nomear grupo de trabalho);
  • Criação do contrato de investimento para build to rent e available to let;
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Simplificação legislativa

  • Possibilitar a constituição de um ou mais contratos de seguro através de um prestador que não seja o da preferência do mutuante, promovendo a saudável concorrência no mercado;
  • Revisão do Simplex Urbanístico, com regulamentação, aprofundamento e aperfeiçoamento da legislação de desburocratização e simplificação administrativa urbanística (90 dias);
  • Aprovar o Código da Construção;
  • Implementação da utilização da metodologia BIM (Building Information Modeling) e aproximação das plataformas municipais de licenciamento de interface com os agentes económicos (120 dias);
  • Adequar o conceito de custos controlados e renda acessível para refletir o segmento de habitação acessível em cada local e momento, gerando maior previsibilidade e perenidade ao mercado (120 dias);
  • Revogação da Contribuição Extraordinária sobre o Alojamento Local (CEAL), da caducidade da licença e transmissibilidade, e da alteração ao coeficiente de vetustez, descentralizando a regulação para os municípios (10 dias);
  • Criação do Portal do IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana) para acompanhamento dos processos de candidaturas com o objetivo de reforçar a transparência (120 dias);
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Fomentar a habitação jovem

  • Garantia pública aos jovens para viabilizar o financiamento bancário na compra da primeira casa (15 dias);
  • Isenção de IMT e Imposto de Selo na compra da primeira casa para os jovens até aos 35 anos nos imóveis até ao 4º escalão de IMT, ou seja, até 316 mil euros (15 dias);
  • Reformulação do programa de apoio ao arrendamento Porta 65, para “colocar a realidade económica do jovem em primeiro lugar”, acabando com exclusões em função de limites de rendas (15 dias);
  • Programa de Emergência para o Alojamento Estudantil (15 dias):
  • Implementação do “Plano Nacional Alojamento 2025-26” para os estudantes, com a oferta de mais 18 mil camas (30 dias);
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Assegurar a acessibilidade na habitação

  • Agilização dos programas de subsídio de renda, eliminando as restrições, designadamente nas caducidades (30 dias);
  • Criação de regulamento de transição entre as rendas apoiadas e a renda acessível, por forma a garantir a não existência de descontinuidades nos apoios (120 dias).

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