Investimento imobiliário: esperados (pelo menos) 1.800 milhões em 2023

Apesar do contexto geopolítico e tumulto económico provocado pelo aumento da inflação e taxas de juro, tudo indica que o setor imobiliário português deverá manter-se dinâmico e atrair investimento este ano. Para 2023, a consultora imobiliária JLL estima, pelo menos, 1.800 milhões de euros em investimento. O montante poderá mudar, face à volatilidade das operações, mas as perspetivas de negócio são otimistas.

O ano 2022 estabeleceu novos recordes na transação de habitação, com vendas estimadas de 31.000 milhões, e no investimento em imobiliário comercial, cujo volume ultrapassou a barreira “inédita” dos 3.400 milhões – trata-se de um novo recorde anual e com aumento e 71% face a 2021. O volume de absorção também tocou novos máximos, atingindo-se a ocupação de 272.000 metros quadrados (m2) de escritórios em Lisboa, acima do anterior máximo histórico registado em 2008. Os preços da habitação intensificaram a trajetória de crescimento ao longo do ano e as rendas quer da habitação quer dos imóveis não residenciais, incluindo escritórios, logística e retalho, “exibiram igualmente uma tendência positiva”.

Estas são algumas das conclusões do Market 360º, um estudo anual da JLL apresentado esta quinta-feira, dia 19 de janeiro de 2023, num encontro com jornalistas. Pedro Lancastre, CEO da JLL, fala de um sentimento de “otimismo cauteloso” entre os players de mercado, antecipando um ano dinâmico para o imobiliário português, apesar dos desafios.

“É normal que se repensem estratégias e reposicionem projetos”

A consultora antecipa um “natural” abrandamento na dinâmica da procura quer para ocupação quer para investimento face ao ano passado, pela dupla circunstância de enfrentar um agravamento das condições económicas e “comparar-se com níveis recorde de atividade”. Contudo, não antecipa quebras disruptivas em termos de montantes transacionados e absorção, prevendo ainda que os preços e as rendas possam manter uma trajetória positiva, mas mais suave. A baixa capacidade de reposição da oferta, que se mantém escassa em todos os segmentos, é uma das explicações para este comportamento.

“Não temos a ilusão de que o agravamento das condições económicas em Portugal e na Europa deixe de contaminar o mercado imobiliário, mas, em geral, estamos muito confiantes de que vamos manter bons níveis de atividade em 2023, em linha com as dinâmicas de mercado nos últimos cinco anos. Por um lado, a base de procura imobiliária por satisfazer é muito grande e também é diversificada nas suas motivações, capacidade financeira e origem”, refere Pedro Lancastre.

Ainda assim, o responsável frisa que o “ritmo de produção imobiliária deverá abrandar, porque mesmo que os promotores e investidores não antecipem quedas significativas na procura, vai haver maior dificuldade no acesso ao financiamento para novos projetos, num contexto em que os custos de construção estabilizam e em que os licenciamentos estão muito demorados”. “É normal que se repensem estratégias e reposicionem projetos”, remata o CEO da JLL.

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